Memórias de uma Mulher Macaca - capítulo 5
"Será que alguém ainda acredita em amor à primeira vista? Pois eu, a mulher macaca, filha de uma cientista fria, calculista, e uma símia aparentemente alheia a significados e metáforas, não acreditava. Mas aconteceu. Juro que aconteceu. Ela entrou pela porta do meu apartamento, já se apresentando..." (continua)mais um capítulo inédito da minha
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Fumaça na balada
coluna GLS publicada na Revista da Folha em 23/03/2008por Vange Leonel Adoro dançar. Adoro quando centenas de garotas se reúnem na balada para paquerar, conversar, beijar, se pegar e festejar. Mas faz tempo que não saio para a balada. Não dá. Não dá porque não consigo respirar.
Nunca fui fumante de fôlego. Quando cantava por profissão, não fumava por motivos óbvios: o cigarro afetava minha voz e era um convite a doenças respiratórias. E, sem garganta, sem pulmão, ninguém canta direito.
Depois que deixei os palcos, voltei a fumar. Mas, mesmo quando fumava, odiava o fumacê exalado por um sem-número de cigarros acesos e tragados em locais fechados. Hoje, há cinco anos sem fumar, não me importa que fumem ao meu lado em espaços arejados. Mas não consigo nem chegar perto da porta de cubículos hermeticamente fechados e pressurizados à base de benzopireno.
Tenho saudades das garotas reunidas, de celebrar ao lado delas, de tocar nos "pick-ups" minhas músicas preferidas, mas o que posso fazer? Nada. Se me jogo na balada, amanheço no dia seguinte combalida, com os cabelos fedidos e uma enxaqueca monstruosa.
Fico pensando em quando voltarei a dançar com as meninas perdidas no delírio coletivo da balada. Quando o cigarro for banido de locais fechados? Muita gente acha esse tipo de lei ditatorial. Como se não fosse uma espécie de totalitarismo insalubre obrigar não-fumantes a inalar passivamente baforadas cancerígenas de cigarros alheios. Será que não há um caminho do meio?
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Vitrine
(a matéria abaixo foi publicada no jornal Folha de S.Paulo do dia 5 de abril de 2008. A convite do caderno "Vitrine", fui às compras.)
VANGE LEONEL VAI ÀS COMPRAS [colunista em campo]Mais uma gelada! Cervejas de todo o mundo desfilam para colunista em tarde de degustaçãoVANGE LEONEL COLUNISTA DA FOLHA "Cerveja é uma prova de que Deus nos ama e nos quer felizes". A frase é de Benjamin Franklin, aquele cara que empinou uma pipa num dia de tempestade para provar que os relâmpagos eram pura eletricidade. Além de inventor, político e pensador, Franklin era um declarado amante da cerveja.
Os apreciadores da bebida encontram aqui no Brasil, cada vez mais, uma enorme variedade de marcas. Numa visita à padaria/bar/restaurante Tortula, esta colunista se sentiu como criança na fantástica fábrica de chocolate de Willy Wonka.
Num amplo compartimento gelado, em várias prateleiras, centenas de cervejas do mundo inteiro estão dispostas, se oferecendo às bocas e olhares sedentos. Sim, porque o prazer em degustar uma cerveja começa pela apreciação visual dos rótulos. Piratas, pin-ups, Papai Noel, abadessas, motivos tropicais, elefantes cor-de-rosa, ursinhos, tudo é tema para estampar garrafas de todos os tamanhos e formatos.
No Tortula a coisa funciona assim: você pega uma cerveja, leva à mesa e bebe em um copos apropriados para aquele tipo. Quando abre a garrafa, o garçom ou garçonete anota o número da sua comanda numa conta que será cobrada à saída. Você pode pedir petiscos, sanduíches ou pratos para acompanhar. Mas isso é detalhe. Eu, particularmente, não fui ali para comer. O forte do lugar são as cervejas diferenciadas.
O perigo, a colunista adverte, reside naquelas prateleiras geladas abertas ao self-service. Fica a sensação de que é só ir ali, escolher, se sentar e provar, uma após outra, sem maiores conseqüências. Então aqui vai uma dica: faça um planejamento do que você quer provar e anote os preços num papel à parte à medida que for bebendo. Por dois motivos. Primeiro, porque a comanda que nos oferecem é apenas um número de identificação. A conta, a dolorosa, fica registrada bem longe dos nossos olhos e só nos deparamos com ela no caixa. O segundo motivo é que, pela infinidade de opções, é bom saber diferenciar as famílias e tipos de cerveja para poder provar o novo e apreciar o conhecido.
Eu, por exemplo, sou fã de cervejas do tipo "lager". Provei uma tcheca Czechvar (R$ 12,90, 330 ml), muito boa, com aquele gostinho amargo das minhas favoritas (e mais em conta) Pilsner Urquell e Stella Artois. Mas não poderia faltar nessa degustação de cervejas uma autêntica trapista. Experimentamos (pois eu não estava sozinha e cerveja se bebe em boa companhia) uma Chimay Cinq Cents Triple (R$ 59,90, 750 ml) produzida em um mosteiro belga. Mais perto de Deus, os monges sabem fermentar como ninguém essa evidência de que Ele nos ama e nos quer felizes.
Depois provamos a artesanal Colorado Cauim (R$ 11,90, 600 ml), de Ribeirão Preto, que leva mandioca em sua composição. Honesta e gostosa. É preciso, porém, ressaltar que as cervejas poderiam ser mais fresquinhas. Algumas importadas já estavam com a data de validade quase vencida.
Enfim, bebemos animadamente enquanto belgas, brasileiras, escocesas, uruguaias, alemãs, tchecas, louras, ruivas e morenas desfilavam à nossa frente. Levamos algumas para casa. Mas não se engane. Nenhuma delas tinha peitos e bundas de comercial de televisão. Nesse caso, a boa é mesmo a cerveja.
© Folha de S.Paulo
Memórias de uma Mulher Macaca - capítulo 4
"A fertilização e o implante das primeiras células embrionárias foram um sucesso. Depois de algumas semanas os exames de imagem já mostravam o pequeno embrião crescendo dentro da barriga de Shana. Tudo parecia de acordo com o processo normal do desenvolvimento de um feto. Mas no quinto mês de gestação uma ultra-sonografia em 3D revelou algo que alarmou a cientista: a criança na barriga da macaca (que era eu, em estado embrionário) tinha uma arcada dentária proeminente e braços mais longos do que o normal para um feto humano..." (continua)
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