O tal laboratório iniciou uma pesquisa para o desenvolvimento de uma arma química capaz de fazer soldados inimigos se apaixonarem uns pelos outros. Apelidaram-na de "bomba gay".
Na última década, o Ig Nobel prestigiou estudos como o primeiro caso de necrofilia homossexual entre patos-reais, soluços não-tratáveis que podem ser curados com massagem retal digital, galinhas que preferem seres humanos bonitos e bonecas infláveis que transmitem gonorréia.
Aliás, basta ler algumas manchetes da imprensa especializada para concluir que não faltam candidatos ao Ig Nobel.
Sobre homossexualidade, já fui informada das "diferenças de tonalidade na fala de homens gays e heterossexuais" e descobri que "lésbicas ouvem menos", "homossexual tem mais chance de ser canhoto", "suor de homem ativa cérebro homossexual", "lésbica tem dedo anular maior que o indicador" e que "lesbianismo em vacas domesticadas pode ser causado pelo estresse do confinamento".
Genial. Entre estudos sérios e legítimas abobrinhas, cientistas comprovam que rir é o melhor remédio.
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Obviamente, a vida (animal ou humana) é bem mais complexa que isso. Mas é certo que a união faz a força. Com o tema Tire sua Própria Virgindade, o festival feminista Ladyfest promete proporcionar, nos próximos dias 12, 13 e 14 de outubro, experiências de colaboração entre mulheres e chances para a descoberta do poder feminino.
Além da apresentação de bandas e vídeos, o festival abrigará várias oficinas: skate, montagem de computadores, técnicas de autodefesa, aulas de guitarra, bateria e bate-papos sobre feminismo e sexualidade. Tudo isso feito por e para garotas.
As tônicas do evento são o "você pode" e "faça você mesma", máximas herdadas do movimento punk. A cena punk feminista, aliás, é responsável pela continuidade do Ladyfest paulista, que chega neste ano à sua quarta edição. O festival é produzido pelo portal Quitéria, quase sem verbas, por meio de alianças "bonobianas".
Informações sobre locais, datas e horários no site: www.quiteria.com.br
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Eu preparo o café, ela abre o jornal, eu me espreguiço, ela sorri, eu esparramo queijo pela torrada, ela lê notícias e comenta, irônica e engraçada. Eu pergunto dos seus planos, ela não revela nada, eu faço que brigo, ela sabe que é blefe e me beija, apaixonada.
Saímos depois para que a cidade nos engula, para que o trabalho nos afaste e, enfim, o crepúsculo nos devolva uma à outra.
Em casa, nos juntamos numa dança coreografada para prolongar nosso conforto e bem-estar. Ela estende lençóis na corda, eu preparo um lanche, ela arruma a sala, eu lavo a louça, eu canto e ela ri. O que é bom é belo, gostoso e nos dá prazer.
Ela me conta cada dia um conto e eu embarco num romance infindo. Seus encantos são tantos que eu me esqueço que embora façamos todo dia quase o mesmo, esse mesmo cotidiano, visto de perto, se revela repleto de variações surpreendentes.
O café se transforma em vinho, a torrada se transmuta em fruta, o jornal se desdobra em poesia e da roupa na corda nascem dois corpos nus. Sua face, minha velha conhecida, sorri todo dia e, invariavelmente, um sorriso diferente.
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Cantora, compositora, colunista GLS e proto-escritora. Lésbica e feminista. Atualmente assina a coluna GLS da Revista da Folha no jornal Folha de S.Paulo e a coluna "Vange Leonel" no Mix Brasil.