Muito confuso? Um pouco. Posso ter errado nas datas acima porque, mesmo pesquisando por horas na internet, encontrei dados contraditórios e disputas quanto aos métodos e marcos iniciais de cada calendário. Afinal, tudo depende da data do nascimento de um profeta ou de outras efemérides, quase sempre imprecisas.
Enfim, o prólogo é só para justificar minha resolução de adotar um calendário diferente neste ano novo.
Tomei a decisão depois de ler a fala de fim de ano do papa Bento 16. Para meu assombro, o sumo pontífice afirmou que o ser humano está em risco de extinção por usar a noção de "gênero" como maneira de se emancipar da natureza e do Criador. Ou seja, criticou a revolução iniciada com Simone de Beauvoir, que diferenciou gênero feminino (construído socialmente) de sexo feminino (determinado biologicamente).
O papa condenou a possibilidade alentadora de cada um se reinventar como homem, como mulher ou qualquer coisa entre os dois extremos.
Por isso, insolente e irreverentemente, resolvi comemorar agora o ano 60 da "era da libertação", iniciada com a publicação de "O Segundo Sexo" de Simone de Beauvoir. Feliz 60!
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A bem-sucedida escritora de romances policiais Patricia Cornwell saiu do armário. Criadora da célebre personagem Kay Scarpetta, Cornwell já havia sido exposta como lésbica em 1992, contra a sua vontade, quando figurou nas páginas policiais sendo pivô de um crime passional.
O episódio poderia ter saído de um de seus livros: num acesso de ciúme, o marido de sua amante (uma investigadora do FBI) seqüestra a mulher e a mantém por horas sob a mira de um revólver. Depois que a vítima revida, sacando sua própria arma, o marido seqüestrador é preso, o casal se divorcia e Cornwell vê sua vida revelada ao público.
Neste ano, porém, seguindo o conselho de uma amiga, a ex-tenista Billie Jean King, a escritora resolveu falar abertamente sobre sua homossexualidade. Disse ainda que se casou legalmente com a neurocientista Staci Gruber (em Massachusetts, onde o casamento gay é permitido), pois quis fazer tudo direitinho, no papel. Afinal, disse, é uma pessoa conservadora.
Seu mais recente livro, o 16º da série da legista Scarpetta, acaba de ser lançado nos Estados Unidos (aqui o mais recente é "Vestígio", publicado pela Companhia das Letras). Ao lado da sobrinha lésbica Lucy e do marido Benton Wesley, Scarpetta tenta solucionar um novo crime, engolida por uma trama, como de praxe, repleta de situações sinistras. De suas mãos, o maníaco de Carapicuíba não escaparia...
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Cantora, compositora, colunista GLS e proto-escritora. Lésbica e feminista. Atualmente assina a coluna GLS da Revista da Folha no jornal Folha de S.Paulo e a coluna "Vange Leonel" no Mix Brasil.