21 novembro 2008
  Triologia Americana
Minhas três colunas mais recentes na Revista da Folha foram escritas lá na gringa, entre NY e Washington DC, onde passei algumas semanas. Em ritmo de eleições.


Política na ponta da língua
coluna GLS publicada na Revista da Folha em 02/11/2008

por Vange Leonel


De passagem por Washington, nos Estados Unidos, fui tragada pela febre televisiva do momento: a cobertura das eleições presidenciais e, especialmente, o "The Rachel Maddow Show". Maddow, aos 35 anos, é a primeira comentarista política do sexo feminino a apresentar seu próprio programa no horário nobre da televisão americana. Em ambiente dominado por analistas conservadores do sexo masculino, a liberal Maddow, destilando humor e inteligência, dobrou a audiência do canal a cabo MSNBC (concorrente principal do hiperconservador FOX News).

Não é só isso. Além de deixar explícito seu alinhamento político (como faz, aliás, grande parte da imprensa por aqui, seja republicana, seja democrata), a apresentadora assume pública e naturalmente sua homossexualidade e seu casamento de dez anos com a artista plástica Susan Mikula.

Graduada em ciência política e especialista em questões militares, Maddow logo percebeu ter talento para a comunicação. Começou apresentando um programa de rádio em 2005, fez aparições eventuais como comentarista política na TV e daí para conquistar seu próprio show foi um pulo. Na reta final da eleição, meus amigos aqui nos Estados Unidos estão viciados no programa de Maddow. Todas as noites, nos sentamos para assistir ao mix de comentários sagazes, humor sarcástico e entrevistas dessa apresentadora expressiva, com cara de moleque e mente brilhante...

© Folha de S.Paulo


Rachel Maddow


Casamento sem aspas
coluna GLS publicada na Revista da Folha em 19/10/2008

por Vange Leonel

Parceria doméstica ou união civil? Como chamar a união afetiva e estável entre duas pessoas do mesmo sexo? A oposição de setores religiosos é tão grande que se evitou, por muito tempo, usar a palavra "casamento". Assim, sob os mais variados nomes, leis contemplando uniões homossexuais vão sendo estabelecidas pelo mundo.

O problema é que esses contratos civis, apesar de garantirem uma série de direitos, não equivalem a um casamento heterossexual. Se entram em jogo direitos sucessórios, a coisa muda de figura. Como afirmou a desembargadora Maria Berenice Dias: "Quando o companheiro morre, o repasse dos bens a um homossexual continua complicado". A solução, a meu ver, seria legalizar de vez o casamento gay (sem aspas), como fizeram Espanha, Holanda, Bélgica, África do Sul, Canadá e Noruega.

Na Califórnia, uma decisão judicial liberou o casamento (sem aspas ou ressalvas, e com o mesmo status de um casamento heterossexual) para pessoas do mesmo sexo. Entretanto, a lei está ameaçada. A proposição número oito (que será votada pelos californianos na próxima eleição do dia 4) é uma emenda à constituição estadual decretando o fim do casamento gay. Campanhas contra e a favor estão nas ruas. Brad Pitt, Steven Spielberg e a Levi's doaram milhares de dólares em prol do casamento gay e contra a proposição.

Podemos até achar bobagem esse negócio de se casar. Mas o direito ao casamento deve ser garantido para quem quiser fazer uso dele.

© Folha de S.Paulo



Buquê sem flores
coluna GLS publicada na Revista da Folha em
16/11/2008

por Vange Leonel

NO ÚLTIMO dia 4, a população americana elegeu um novo presidente, Barack Obama, símbolo de renovação e esperança. No entanto, para boa parte dos eleitores californianos, a euforia pela vitória democrata veio acompanhada de uma grande decepção: a aprovação da Proposição 8, proibindo o casamento gay naquele Estado.

Dentro do território americano, somente Massachusetts e Connecticut permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Contudo, a possível aprovação do casamento gay na Califórnia era considerada fundamental pelos ativistas devido ao tamanho e à influência do Estado no cenário norte-americano.

Quando a Suprema Corte californiana aprovou provisoriamente o casamento gay em junho, milhares de homossexuais correram aos tribunais para oficializar suas uniões. A comediante lésbica Ellen DeGeneres, o ator gay George Takei (o capitão Sulu de "Jornada nas Estrelas") e outros tantos anônimos que se casaram estão numa sinuca de bico: suas uniões permanecem legais ou não?

O procurador-geral do Estado, Jerry Brown, acredita que os casamentos realizados neste ano continuarão válidos, mas as pessoas devem esperar entraves jurídicos.

Como consolo, homossexuais californianos podem estabelecer parcerias domésticas, permitidas por lei. Mas esse tipo de contrato, vale lembrar, não possui o mesmo status de um casamento. Os que quiserem se casar terão de se contentar com migalhas.

© Folha de S.Paulo

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19 novembro 2008
  Memórias de uma Mulher Macaca - Capítulo 19
"Depois do reencontro com minha mãe macaca, comecei a recordar coisas que até então jaziam guardadas a sete chaves no meu inconsciente. Me lembrei, por exemplo, que quando criança engatinhava sobre meus pés e punhos fechados, como fazia Shana..." (continua)

no Mix mais um capítulo da mulher-macaca.
 
  Temporada de Caça

coluna GLS publicada na Revista da Folha em 05/10/2008

por Vange Leonel

Nos últimos cinco anos, cerca de 430 homossexuais foram assassinados no Iraque. O extermínio ganhou força depois que o aiatolá Ali Sistani, a maior autoridade xiita do país, emitiu um decreto religioso ("fatwa"), em 2005, recomendando o assassinato de gays e lésbicas "da maneira mais cruel possível".

Milícias como o Badr e Mahdi, rivais entre si, têm realizado a maioria das perseguições que iniciam com o "sumiço" do suspeito homossexual e culminam com execução por fuzilamento ou decapitação. O principal ativista gay do país, Bashar, 27, foi morto a tiros na semana passada, dentro de uma barbearia.

A Missão de Assistência da ONU para o Iraque (UNAMI) emitiu um relatório alertando para a existência de cortes religiosas que sentenciam homossexuais à morte. Questionadas sobre o assunto, autoridades iraquianas alegam que num país em guerra há preocupações maiores do que garantir direitos civis a gays.

Na época de Saddam, dizem os homossexuais locais, a vida era melhor para eles. Não que gostassem do ditador, mas pelo menos não eram mortos dentro de suas próprias casas por forças policiais.

Um fundamentalismo religioso mais brando, digamos assim, também faz suas vítimas nos Estados Unidos. A candidata republicana a vice-presidente Sarah Palin, por exemplo, pertence a uma igreja que prega a cura de homossexuais por meio de orações.

Dois tipos de perseguição e a mesma homofobia.

© Folha de S.Paulo

 

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Cantora, compositora, colunista GLS e proto-escritora. Lésbica e feminista. Atualmente assina a coluna GLS da Revista da Folha no jornal Folha de S.Paulo e a coluna "Vange Leonel" no Mix Brasil.

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MEMÓRIAS DE UMA MULHER MACACA
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Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
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