coluna GLS publicada na Revista da Folha em 05/10/2008
por Vange Leonel
Nos últimos cinco anos, cerca de 430 homossexuais foram assassinados no Iraque. O extermínio ganhou força depois que o aiatolá Ali Sistani, a maior autoridade xiita do país, emitiu um decreto religioso ("fatwa"), em 2005, recomendando o assassinato de gays e lésbicas "da maneira mais cruel possível".
Milícias como o Badr e Mahdi, rivais entre si, têm realizado a maioria das perseguições que iniciam com o "sumiço" do suspeito homossexual e culminam com execução por fuzilamento ou decapitação. O principal ativista gay do país, Bashar, 27, foi morto a tiros na semana passada, dentro de uma barbearia.
A Missão de Assistência da ONU para o Iraque (UNAMI) emitiu um relatório alertando para a existência de cortes religiosas que sentenciam homossexuais à morte. Questionadas sobre o assunto, autoridades iraquianas alegam que num país em guerra há preocupações maiores do que garantir direitos civis a gays.
Na época de Saddam, dizem os homossexuais locais, a vida era melhor para eles. Não que gostassem do ditador, mas pelo menos não eram mortos dentro de suas próprias casas por forças policiais.
Um fundamentalismo religioso mais brando, digamos assim, também faz suas vítimas nos Estados Unidos. A candidata republicana a vice-presidente Sarah Palin, por exemplo, pertence a uma igreja que prega a cura de homossexuais por meio de orações.
Dois tipos de perseguição e a mesma homofobia.
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Cantora, compositora, colunista GLS e proto-escritora. Lésbica e feminista. Atualmente assina a coluna GLS da Revista da Folha no jornal Folha de S.Paulo e a coluna "Vange Leonel" no Mix Brasil.