A senhora Aunty Mauduguri realizou uma cerimônia com 2.000 convidados para celebrar sua união poligâmica com outras quatro mulheres. Segundo nota da BBC, elas seriam atrizes de Nollywood, indústria local de cinema e vídeo em franco desenvolvimento. De fato, testemunhas relataram que vários artistas compareceram aos festejos que duraram dois dias.
Jamilu Garba, um dos convidados, afirmou que uniões do tipo estão se tornando comuns em Kano. Disse também que a publicidade em torno do suntuoso casamento de Mauduguri mostra que os locais estão cada vez mais dispostos a enfrentar leis proibitivas (a poligamia é aceita, mas a homossexualidade é condenada pelo Estado e pelo islamismo, religião de peso no país).
A reação das autoridades foi imediata e rigorosa. Mauduguri e as "esposas" tiveram suas prisões decretadas e o teatro onde se casaram foi demolido.
Foragida, Mauduguri deu entrevista ao jornal nigeriano "Daily Trust" negando ser lésbica. Disse ser vítima da calúnia de invejosos e que uma das supostas esposas seria, na verdade, sua irmã de sangue: "Como poderia me casar com ela?" Juntas, as moças resolveram processar as rádios locais e seus informantes por difamação.
Numa sociedade repleta de proibições, penas severas e homossexualidade secreta surgem relatos contraditórios. Qual a verdade? Talvez nunca saibamos. Mas seja qual for, a história é digna de Nollywood.
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Cantora, compositora, colunista GLS e proto-escritora. Lésbica e feminista. Atualmente assina a coluna GLS da Revista da Folha no jornal Folha de S.Paulo e a coluna "Vange Leonel" no Mix Brasil.