Esse preconceito reflete um profundo desconhecimento. A maioria ainda pensa em feminismo como guerra entre os sexos ou afirmação da superioridade feminina. Não é.
O feminismo passou por muitas fases. No final do século 19, a primeira onda feminista lutou por direitos civis, políticos e trabalhistas negados às mulheres. A segunda ergueu-se na metade do século 20, quando se percebeu que o sexismo (discriminação por sexo) expresso nos costumes, na linguagem, nas relações íntimas, familiares e econômicas continuava prejudicando mulheres mesmo após a conquista de direitos legais.
Generalizações do tipo "mulher é assim, homem é assado" (lembrando que características supostamente femininas quase sempre transpiram submissão) prendem homens e mulheres em papéis sexuais, dificultando o desenvolvimento de seus reais potenciais.
Muitos (e muitas) não percebem o sexismo insidioso, às vezes sutil, e julgam o feminismo obsoleto. Enganam-se. O feminismo ajuda a balancear um desequilíbrio primordial que está na raiz de tantos outros: a assimetria de poder entre os sexos.
Hoje, a terceira onda feminista está aí para quem quiser surfá-la. Deslize sobre a crista ou afunde.
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Cantora, compositora, colunista GLS e proto-escritora. Lésbica e feminista. Atualmente assina a coluna GLS da Revista da Folha no jornal Folha de S.Paulo e a coluna "Vange Leonel" no Mix Brasil.