Mesh Up
Na França se chama bootleg. Na Inglaterra é mesh up. É tipo um remix que mistura duas ou mais músicas diferentes, criando uma faixa totalmente nova. A prática, parece, teve início nos anos 90. Agora virou mania. Pelo menos para mim, depois que a Cilmara Bedaque me apresentou alguns mesh ups. Viciei. Se quiserem ouvir, dêem uma passadinha no site do
DJ Party Ben e confiram algumas de suas misturas. Acabei de baixar "
Boulevard of Broken Songs", um mesh up de Green Day, Oasis, Travis e Aerosmith. Incrível.
Mãe de todas
coluna GLS publicada na Revista da Folha em 17/09/2006
por Vange Leonel Ela ouviu blues pela primeira vez aos 14 anos na virada do século. Logo se apaixonou pelo ritmo e iniciou uma carreira como cantora que teve seu auge na década de 20. Seus shows, no entanto, não se resumiam à música.
Ma Rainey fazia comédia e provocava a platéia com seu humor sacana.
Bissexual, em 1928 gravou a música "
Prove it on me", em que desafiava a polícia a provar que ela fazia sexo com mulheres. Numa época em que o amor homossexual era ilegal, Ma cantava despudoradamente: "não gosto de homens" e "paquero as moças que passam por mim".
Certa vez, a cantora levou uma turma de garotas ao seu apartamento para uma festinha íntima. Fizeram tanto barulho que os vizinhos chamaram a polícia. Quando os tiras chegaram, encontraram mulheres nuas correndo atrás de roupas espalhadas pelo chão enquanto outras fugiam pela porta. Ma apanhou uma saia que não era sua, escorregou no degrau da escada e foi alcançada por um policial. Levada à delegacia, foi encarcerada, acusada de indecência. No dia seguinte, sua amiga Bessie Smith (que alguns dizem ter sido sua amante) pagou a fiança e Ma saiu pronta para outra.
Morreu em 1939 de ataque cardíaco, quase esquecida. No atestado de óbito constava, equivocadamente, a profissão de empregada doméstica. Hoje, ela figura no Hall da Fama do Blues e também no do Rock'n Roll. Todas as roqueiras de atitude são suas herdeiras.
© Folha de S.Paulo
Divulgação Científica
Sou leitora habitual de livros de divulgação científica, mais especificamente primatologia, bioantropologia e evolução. Como já faz tempo que não comento nenhuma das minhas leituras aqui no blog, vou falar de três livros que li recentemente:
nome: "The case of female orgasm - bias in the science of evolution"autora: Elizabeth Loyd
assunto: Loyd analisa todas as teorias bioevolutivas que tentam explicar a existência do orgasmo feminino.
revelação interessante: Loyd expõe falhas de estatística e amostragem em pesquisas que tentaram provar a capacidade do útero de sugar esperma durante o orgasmo. São pesquisas sempre muito citadas (inclusive no livro de Fisher, abaixo) para sustentar que orgasmo feminino influiria no sucesso reprodutivo das fêmeas humanas e, portanto, seria adaptativo.
meu comentário: ótimo livro. Vale pela análise cuidadosa e pela detecção de vieses adaptacionistas e androcêntricos contidos na maioria das teorias sobre o orgasmo feminino.
nome: "Why we love - the nature and chemestry of romantic love"autora: Helen Fisher
assunto: os hormônios que atuam no cérebro quando acontece o amor romântico (que é diferente do amor passional e do desejo puramente sexual).
revelação interessante: nos primeiros dois anos de relacionamento amoroso a norepinefrina parece agir intensamente. Depois desse tempo (prazo de duração média de uma paixão) a norepinefrina sai de cena para dar lugar à ocitocina, hormônio do amor tranquilo e duradouro (que é também secretado pela mãe quando amamenta um bebê).
meu comentário: livro fraco. Num exemplo de como não se deve divulgar ciência, a autora exagera as simplificações e se torna presa fácil de determinismos e da (falsa) dicotomia cultura/natureza. Apenas no finalzinho do livro ela faz a ressalva de que não são apenas os hormônios influem no comportamento humano, mas o comportamento pode também influir no secreção destas substâncias.
nome: "The talking ape - how language evolved"autor: Robbins Burling
assunto: o autor tenta elaborar sua própria hipótese sobre o surgimento da fala humana em contraponto às hipóteses existentes.
revelação interessante: a exemplo das melodias dos gibôes, Burlings sustenta que a passagem das vocalizações dos nossos ancestrais primatas para fala humana atual se deu através da música cantada.
meu comentário: livro excelente. Abrangente, cuidadoso, Burlings não cede à tentação de antagonizar cultura e natureza. De quebra, implode outra dicotomia de sua área, buscando intersecções nos campos da linguística e da teoria da evolução.
A etimologia do clitóris
coluna GLS publicada na Revista da Folha de 03/09/2006
por Vange Leonel As palavras que saem de nossas bocas carregam uma história particular. Conhecer sua etimologia pode render novos olhares sobre aquilo que elas descrevem.
A origem da palavra "clitóris", por exemplo, suscita tanta controvérsia quanto a própria sexualidade feminina. A palavra pode derivar da raiz grega "Kli", que está na origem de "inclinar" ou "klei", "fechar". Ambas possibilidades oferecem prismas distintos sobre este órgão do prazer feminino. Como "kleitorís" é um substantivo grego para um tipo de pedra, o clitóris pode ser visto como a pedra que fecha a gruta, a porta ou a chave capaz de abrir ou trancar de vez o acesso ao prazer e à fecundidade da mulher.
A raiz "kli", por outro lado, dá origem a uma enorme variedade de palavras gregas como "klima" (inclinação da terra, escala de temperatura), "klimax" (escala), "kline" (leito) e "klinô" (inclinar-se). Há casos em que as duas raízes tratadas aqui se misturam, como "Klitus" ou "kleitus" (algo pendente, colina).
Assim, se você sentir um "clima" rolando, "inclinar-se" sobre sua amada, acionar "a chave" do prazer, perceber a "escalada" dos batimentos cardíacos e atingir o "clímax", lembre-se que tudo isso pode estar contido numa pequena palavra: clitóris.
PS.: Agradeço a Maria Cecília Gomes dos Reis pela ajuda no idioma grego. Qualquer equívoco deve-se à minha interpretação.© Folha de S.Paulo
Funk da Biscate Caminhao
uma banda lá de Curitiba,
O Bonde das Impostora (assim mesmo, comendo o "s"), fez um funk-sapatão em que sou citada. Pra ouvir, vai lá no myspace da banda e baixe/ouça a faixa "
Funk da Biscate Caminhao". Eles até colocaram uma
nota dizendo que a letra não é uma referência direta às pessoas citadas na música. Não precisava da nota, afinal, eu até me identifiquei com alguns trechos sapatudos como "
pra fazer volume uma meia na calcinha; pior é que nunca estou sozinha". Só não sei de onde tiraram a idéia de uma "
vagina peluda". Pelo que sei, os pêlos crescem no púbis, nos grandes lábios e ao redor do ânus. Mas, se alguém já teve a oportunidade de entrar numa vagina peluda, por favor, me diga qual a sensação. Estou curiosa. Seria como penetrar um bicho de pelúcia ao avesso? hehehehehe...
Dominatrix + Vange
A Cil bateu essas fotos do show de ontem no belvedere do MASP durante o encerramento da semana de visibilidade lésbica aqui em São Paulo. Fui convidada pelo Dominatrix para cantar uma música delas, Knowledge. O Dominatrix é a banda punk feminista mais expressiva do Brasil e é sempre uma honra estar ao lado delas. Foi muito bom!
eu, Elisa e Mayra

a guitarra da Flavia, Débora, eu, Elisa e Mayra
© fotos by Cilmara Bedaque
Visu novo
Mudei o layout do blog. Agradeço a Joana Dark Room, do blog "
Labia Majora" pelas dicas de tags de html e css que foram muito úteis. A imagem do banner é uma macaca
bonobo, minha irmã-espelho.