Fome Zero
Terminei de ler o livro "
Libertação Animal", do filósofo Peter Singer. Eu já pressentia que, após sua leitura, poderia retomar meu vegetarianismo, interrompido há uma década. Batata! Voltei a ser vegetariana no primeiro dia do ano de 2006. Singer usa basicamente dois argumentos: contra o especismo e pró-ecológico. Assim como sexismo define a discriminação com base no gênero e racismo, de raça, o especismo significa a discriminação com base na espécie: ora, por que nós, animais humanos, devemos nos achar tão superiores a ponto de fazer sofrer e matar animais para um prazer meramente supérfluo? Sim, porque Singer nos convence por A + B que a proteína animal é absolutamente dispensável para nosso sustento e, por outro lado, sua produção pode significar mais fome e desequilíbrio ecológico no planeta. Saca só a contabilidade na página 187:
"Suponhamos que dispomos de 0,4 hectare de terra fértil. Essa terra poderia ser usada para cultivar uma planta com alto teor protéico, como lentilha ou feijão. Se fizermos isso, obteremos entre 136 e 227 quilogramas de proteína. Podemos, ainda, usar essa mesma quantidade de terra para cultivar algum tipo de alimento para dar a animais; depois, podemos matá-los e comê-los. Acabaremos, então, com cerca de 18 a 20 quilogramas de proteína. É interessante observar que, embora a maioria dos animais converta proteína vegetal em proteína animal de forma mais eficiente que o boi - um porco, por exemplo, precisa de "apenas" 3,6 quilogramas de proteína para produzir 450 gramas de proteína para ser consumida por seres humanos - essa contagem é praticamente eliminada quando consideramos quanto dessa proteína pode ser produzida por hectare, porque o gado pode utilizar fontes protéicas não digeríveis pelos porcos. Portanto, a maioria das estimativas conclui que alimentos de origem vegetal rendem cerca de dez vezes mais proteína por hectare que a carne, embora as estimativas variem e, às vezes. a proporção seja de até vinte por um."Portanto, em termos ecológicos, as pastagens de gado roubam hectares de floresta para a produção de pouca proteína, se comparada aos hectares que produzem vegetais. E, se o argumento contábil-ecológico foi capaz de me convencer, o do especismo me ganhou de vez. Afinal, sempre julguei os grandes macacos merecedores de maior consideração. Daí a estender esta mesma consideração ao restante das espécies, foi um pulinho.