the agile gene
é o nome do livro que terminei de ler esta semana. O autor, Matt Ridley, tenta enterrar de vez a nociva e ultrapassada dicotomia "aprendizado X inato" (em inglês, "nurture X nature"). Demorou. Há décadas a mestra (minha, da Kerby e das duas velhinhas da livraria da universidade de Seattle) Donna Haraway tenta dinamitar esta e outras dicotomias (falarei de DH depois, quando terminar de ler o livro que o
Mauro Bedaque me trouxe de presente) . Não vou entrar em considerações sobre o "
The Agile Gene" (Ridley tenta trafegar pelo caminho do meio, entretanto deixa transparecer sua eterna simpatia pelo lado "inato" da dicotomia), mas acho legal esclarecer uma coisa, pra quem não sabe ainda: genes podem ser "ligados" ou "desligados" a partir de informações do ambiente. Ou seja: não rola mesmo esse papo de "inevitabilidade genética", já que possuir este ou aquele conjunto de genes não significa necessariamente que uma pessoa irá desenvolver esta ou aquela doença, este ou aquele comportamento. Biologia não é destino. Infelizmente, adeptos das ciências sociais parecem imunizados contra explicações biológicas e adeptos da biologia parecem menosprezar razões sócio-culturais. Não há por que explicações biológicas excluírem as socio-histórico-culturais e vice-versa. Não é preciso escolher um lado da questão e demonizar o outro. A armadilha das dicotomias é essa: postulam um jogo de soma zero, onde um lado invalida o outro. Ledo engano.