Leis Naturais no BBB?
confesso q escrevi essa coluna pensando no BBB. Aliás, há muitos anos venho comparando essas experiências de confinamento com estudos antropológicos sobre nossos companheiros primatas. Ontem o Bial, no discurso de eliminação, citou o antropólogo Richard Wrangham, q inspirou esta e outras colunas minhas. Taí pra vcs:
Leis Naturaiscoluna GLS publicada na Revista da Folha em 7 de março de 2010[por Vange Leonel]Eles eram todos da mesma espécie e formavam uma grande família. Um dia, por acaso ou destino, uma grande corredeira dividiu a comunidade em duas. Um rio se formou e as tribos passaram a viver separadas por aquela extensão de água intransponível.
Muitos anos depois, os grupos, antes parecidos, foram se transformando. Na margem norte do rio, a turma "A" disputava a comida escassa entre si e também com alguns vizinhos corpulentos. Com o tempo, aprenderam que a lei do mais forte compensava. Enquanto isso, no lado sul do rio, a turma "B" encontrou só fartura: comida em abundância e ninguém truculento para ameaçá-la. Ninguém ali brigava por alimento. Por força da natureza e das circunstâncias, aprenderam que a lei da cooperação funcionava melhor para eles.
Essa é a história simplificada de como a evolução atuou de maneira diversa ao moldar nossos primos mais próximos: os agressivos chimpanzés (A) e os pacíficos bonobos (B). O antropólogo Richard Wrangham afirma, em "O Macho Demoníaco", que a escassez de alimento tornou a sociedade dos chimpanzés mais violenta e hierarquizada. Ao passo que a fartura teria promovido paz, harmonia e um certo igualitarismo entre os bonobos.
Enfim, crie um ambiente estressado, onde impere a carestia e o medo de eliminação, e a lei será a da força. Promova fartura e a lei que vai valer é a do prazer.
© Folha de S.Paulo