Em pouco tempo, a série se tornou a campeã de audiência nos Estados Unidos, e a atriz Farrah Fawcett, morta recentemente, se transformou em símbolo sexual para os homens e em ícone para as mulheres. Seu penteado foi imitado à exaustão e seu famoso pôster de maiô vermelho vendeu 12 milhões de cópias, recorde jamais batido.
Eu, adolescente que se descobria lésbica, tanto queria ter como ser Farrah. Mas, para além da beleza das moças, o que mais me encantava ali eram a força e a amizade do trio: elas dirigiam carrões, dominavam artes marciais e arriscavam a vida para salvar as companheiras.
Essa aliança feminina era algo raro de se ver na TV. Por mais paradoxal que pareça, a série que mostrava mulheres lutando sem desmanchar o penteado plantou uma semente de feminismo em mim.
Na vida real, enfrentando um câncer anal, Farrah Fawcett contou com a ajuda das ex-panteras Kate Jackson e Jaclyn Smith, sobreviventes de câncer de mama e presenças constantes em sua casa. Amizade de verdade. Essas bonecas não são de plástico: são de carne, osso e garra.
PS: Farrah deixou parte de sua fortuna para ajudar mulheres vítimas da violência doméstica.
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PS2: hj às 21 hs o GNT exibe o documentário produzido pela própria Farrah Fawcett expondo sua luta contra o cãncer. Será reprisado durante a semana. Confira os horários no site do canal.
Cantora, compositora, colunista GLS e proto-escritora. Lésbica e feminista. Atualmente assina a coluna GLS da Revista da Folha no jornal Folha de S.Paulo e a coluna "Vange Leonel" no Mix Brasil.