por Vange Leonel
O colapso econômico mundial atingiu em cheio a Islândia. Em outubro, seus bancos faliram e o país teve que pedir US$ 10 bilhões ao FMI em razão da crise. O valor da moeda nacional despencou, e os cidadãos viram suas economias escoarem pelo ralo.
A população protestou nas ruas pedindo a saída do então primeiro-ministro, Geir Haarde. A chapa esquentou. Pela primeira vez em 50 anos, a polícia local usou gás lacrimogêneo para dispersar um tumulto.
Há poucos dias, Haarde pediu demissão e antecipou as eleições para maio deste ano. Uma coalizão "mezzo esquerdista, mezzo verde" indicou uma senhora de 66 anos para substituir Haarde em um mandato-tampão.
Não é a primeira mulher a exercer o cargo de primeira-ministra no país. Mas é a primeira lésbica assumida a ocupar o mais alto posto de comando, não apenas na Islândia mas no mundo inteiro.
Johanna Sigurdardottir é querida na terra do gelo: tem 73% de aprovação da população e fama de defensora dos fracos e oprimidos.
Mãe de dois filhos, ela é casada legalmente com a escritora e dramaturga Jonina Leosdottir (lá, as uniões homossexuais são equiparadas ao casamento heterossexual). Ninguém no país parece se incomodar com a orientação sexual de Sigurdardottir.
O povo espera apenas que ela dê um jeito na bagunça. Pois é, vida de lésbica na Islândia parece ser fácil -a não ser que você seja primeira-ministra.
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Cantora, compositora, colunista GLS e proto-escritora. Lésbica e feminista. Atualmente assina a coluna GLS da Revista da Folha no jornal Folha de S.Paulo e a coluna "Vange Leonel" no Mix Brasil.