Há poucos dias, uma jogadora lésbica foi banida do Live por infringir a regra que proíbe os usuários de escrever nos perfis conteúdos de cunho sexual, racista ou que possam ofender outros jogadores. Como a jogadora declarava-se lésbica (cunho "sexual") e isso ofendeu outros jogadores, foi cortada da comunidade.
A história, porém é um pouco mais complicada. A jogadora era perseguida virtualmente por outros usuários. "Eles me seguiam por vários jogos, mapas e cenários, convocando outros jogadores para se voltarem contra mim porque não queriam conviver com coisa ruim." Ou seja: a regra puniu a vítima e protegeu seus detratores.
Ciente da dificuldade que é legislar sobre uma minissociedade virtual, a Microsoft, dona do Live, pediu a ajuda ao Glaad (organização gay e lésbica contra a difamação) para elaborar um sistema mais eficiente que iniba esse tipo de perseguição.
Não é tarefa fácil. Sites de relacionamentos e redes de jogos estão formando uma geração de covardes. Protegidos pelo anonimato e pela ilusória imaterialidade do mundo virtual, eles ofendem, perseguem, xingam e depois desligam o computador como se nada tivesse acontecido. Sem consequências.
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Cantora, compositora, colunista GLS e proto-escritora. Lésbica e feminista. Atualmente assina a coluna GLS da Revista da Folha no jornal Folha de S.Paulo e a coluna "Vange Leonel" no Mix Brasil.