Memórias de uma Mulher Macaca - capítulo 16
"Não sei bem se eu tentava encontrar algum novo sentido para minha vida ou desejava apenas escapar de um mundo já demasiadamente conhecido. Talvez estivesse mesmo cansada de ser a menina segregada por ter cara barbada e temperamento tímido. Aproveitei que ninguém ali no santuário me conhecia direito e resolvi mudar meu jeito de ser: a garota retraída iria se transformar numa pessoa diferente, mais assertiva e segura de si..." (continua)
lá no site do Mix Brasil, mais um capítulo inédito da minha web-novel.

Marcadores: Mulher Macaca
A Revolta do Ferro's Bar
coluna GLS publicada na Revista da Folha em 24/08/2008
por Vange Leonel
O Stonewall Inn era uma espécie de refúgio onde gays nova-iorquinos podiam dançar juntinhos sem medo de sofrer agressões. Mas, em 28 de junho de 1969, o local que era um oásis no deserto de intolerância se tornou um inferno. Policiais invadiram o bar e prenderam a galera.
Nos dias seguintes, uma multidão foi se aglomerando espontaneamente à frente do bar, protestando contra a ação truculenta. Nunca antes se viu tantos homossexuais à luz do dia, reclamando direitos básicos.
Aqui em São Paulo, nós tivemos um protesto parecido. Aconteceu no Ferro's Bar, alvo preferencial do delegado José Wilson Richetti, que estacionava ali um camburão para prender gays, lésbicas, prostitutas e travestis, freqüentadores decanos do pedaço.
Em agosto de 1983, o dono do Ferro's proibiu que as ativistas do GALF (Grupo de Ação Lésbica Feminista) vendessem ali o seu jornal, expulsando-as em seguida. A chapa esquentou. Lideradas por Rosely Roth, as meninas se reuniram em frente ao bar. O protesto teve a cobertura inédita e sem preconceito da imprensa. Contou com os apoios da então vereadora Irede Cardoso e de Zulaiê Cobra Ribeiro, que era conselheira da OAB. Tudo terminou com a invasão do local pelo grupo e um pedido de desculpas do dono.
A revolta do Ferro's não é tão famosa quanto a de Stonewall. Mas, para quem na época era (e hoje ainda é) maltratada, humilhada e desrespeitada por ser lésbica, ela marcou o início de uma liberação. Lésbicas ocupando um bar que já era delas e um lugar ao sol, que deveria ser para todos.
© Folha de S.Paulo
Marcadores: coluna GLS Folha
Respeitável público
coluna GLS publicada na Revista da Folha em 10/08/2008
por Vange Leonel O público gay é um amante fiel. Artistas zelosos de sua corte sabem prestigiar admiradores homossexuais, devolvendo-lhes o carinho e o respeito que deles recebem. Elizabeth Taylor, Judy Garland, Carmen Miranda, Marlene Dietrich e outras estrelas sabiam dar valor à tietagem gay.
A cantora Madonna, para citar um exemplo vivo, adula e afaga seu público homossexual. Além de compradores vorazes de CDs e DVDs, eles também são fonte de inspiração para o trabalho.
Se por um lado os gays formam um público bem definido e delineado, a platéia lésbica não aparece com tanta nitidez.
É verdade que muitas cantoras brasileiras são cultuadas, há décadas, por um público fidelíssimo de lésbicas. Porém, menos comum é ver tais artistas declararem seu amor à sua platéia lesbiana, pelo menos fora do ambiente protegido dos shows. Já o público gay costuma receber maior deferência.
Eleita a mulher mais sexy e desejada pelas lésbicas freqüentadoras do site "
AfterEllen", a atriz heterossexual
Tina Fey (ex-"Saturday Night Live" e atual "30 Rock") reconhece a importância e prestigia suas fãs lésbicas, declarando aberta e publicamente seu amor por elas.
É apenas questão de tempo: quanto mais o público homossexual feminino mostrar a cara, seu poder de consumo e sua força como lançador de tendências, mais artistas irão cortejá-lo, como fazem com o público gay masculino. A audiência lésbica também é fiel. Só precisa ser notada e citada com todas as letras.
© Folha de S.PauloMarcadores: coluna GLS Folha