A dupla se defende, mas dá munição ao inimigo quando um deles diz que o Exército é um paraíso onde se pode "tomar banho com um monte de homem pelado e sarado". Alguns leitores criticam a pouca-vergonha. Outros lamentam a fala ingênua que compromete a seriedade da discussão.
O casal vai a um programa de TV. O Exército cerca a emissora. Para ativistas gays, a megaoperação tem a exata medida da homofobia nas fileiras do Exército. Já para o comando militar, foi apenas manobra de rotina para deter um desertor.
Um dos sargentos é preso. O namorado diz que não houve deserção: o companheiro se ausentou por estar doente. Os médicos do Exército discordam: o rapaz está apto para a atividade militar. Um oficial, sob anonimato, diz à Folha que não houve homofobia porque vários gays servem nas Forças Armadas. Estranho. Se não existe tabu, por que falar sob anonimato?
Versões contraditórias, opiniões apressadas e veleidades -somadas ao silêncio do Exército sobre a homossexualidade- transformam o caso dos sargentos gays num show midiático confuso. A cacofonia resultante atrapalha o que poderia ser um debate de grande importância.
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Cantora, compositora, colunista GLS e proto-escritora. Lésbica e feminista. Atualmente assina a coluna GLS da Revista da Folha no jornal Folha de S.Paulo e a coluna "Vange Leonel" no Mix Brasil.