Vocês se lembram dos "flash mobs"? Eram aqueles eventos-relâmpago, sem propósito algum, combinados via internet por gente que se reunia de repente numa esquina para, por exemplo, bater com a sola de sapato no asfalto.
Nos Estados Unidos, um movimento inspirado nos "flash mobs" está se espalhando: o Guerrilla Queer Bar (GQB). Por e-mails e sites, gays, lésbicas e trans combinam de ocupar, uma vez por mês, algum bar não-gay de sua cidade.
A galera chega, senta, bebe, come, conversa, namora, beija e faz tudo o que se faz habitualmente num bar. Alguns freqüentadores héteros se chocam. Outros nem se importam e até gostam da companhia inédita. O objetivo do GQB é, justamente, romper a divisão rígida que se criou entre locais gays e não-gays, promovendo uma convivência mais "natural" entre héteros e homossexuais.
Essa moda pegaria no Brasil? E se o GQB se estendesse aqui para além dos bares? Imagine um grupo compacto de gays, lésbicas e trans ocupando as arquibancadas de um Palmeiras x Corinthians. Agora, imagine o contrário: um grupo hétero de uma torcida organizada se confraternizando num bar gay. O que você acha? A convivência poderia ser boa?
É natural que pessoas com gostos parecidos se reúnam em locais específicos para elas. Resta saber se, no caso dos ditos "espaços gays", tal estratificação é voluntária e espontânea ou sintoma da tendência de se fechar em guetos de uma sociedade que prefere não assistir a manifestações públicas de afeto homossexual.
© Folha de S.PauloMarcadores: coluna GLS Folha
Cantora, compositora, colunista GLS e proto-escritora. Lésbica e feminista. Atualmente assina a coluna GLS da Revista da Folha no jornal Folha de S.Paulo e a coluna "Vange Leonel" no Mix Brasil.