Recomenda-se jamais dar as costas para o mar após dar seus pulinhos, pois assim os caminhos serão abertos.
Nesta época do ano quase todos fazem promessas e pedidos para melhorar a vida ou abrir caminhos. Eu sempre fico um pouco confusa nesse momento. Parece pressão demais, difícil, quase impossível sintetizar tanto as esperanças, quanto os desejos e projetos. Por isso, admiro aquelas senhoras de idade que acumularam sabedoria suficiente para proferir platitudes (sem que soem falsas) e só pedem por saúde. Quando temos saúde, elas dizem, o resto se consegue.
Confesso que simpatizo também, por sua candura, com as misses de concurso que desejam a paz mundial. Obviamente é um desejo ingênuo e ao mesmo tempo ambicioso, senão impossível. Mas por que desejar apenas o possível?
Ainda assim, podemos ser mais modestos. Se nos caminhos que se abrirem houver obstáculos, não lamente: peça força para superá-los. E calma. Menos pressa no trânsito, mais trânsito de afetos, mais afeto no peito, peitos mais abertos e um sorriso no rosto como antidepressivo.
Cantora, compositora, colunista GLS e proto-escritora. Lésbica e feminista. Atualmente assina a coluna GLS da Revista da Folha no jornal Folha de S.Paulo e a coluna "Vange Leonel" no Mix Brasil.