O fato é que a decisão de instituir coletivas só para repórteres do sexo feminino obrigou os donos de jornais a contratar mulheres para trabalhar nas redações de política, algo incomum na época. Note-se: a sugestão dessas coletivas femininas foi de Lorena Hickok, assessora de imprensa da primeira-dama que muitos afirmam ter sido sua amante.
Sim, a senhora Roosevelt, parece, tinha propensões lésbicas. Gore Vidal, em seu recente volume de memórias, revela que ela "nutria uma paixão sáfica" pela aviadora Amelia Earhart, sentimento que Amelia achava "desconcertante". A primeira-dama, dizia Earhart, "sempre sugeria que voassem juntas pelo país, somente as duas, comungando com o vento e as estrelas".
Inconfidências à parte, Eleanor Roosevelt possuía um temperamento que não se restringia às funções secundárias típicas de uma primeira-dama da época. Foi mais que dama. Incomodou muita gente. Tornou-se peça importante na luta global por direitos humanos.
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Amelia Earhart e Eleanor Roosevelt durante um vôo noturno sobre Washington e Baltimore (21 de abril de 1933) - © Purdue University Libraries, Archives and Special Collections
Cantora, compositora, colunista GLS e proto-escritora. Lésbica e feminista. Atualmente assina a coluna GLS da Revista da Folha no jornal Folha de S.Paulo e a coluna "Vange Leonel" no Mix Brasil.