The Sexual Life of the Savages

lançado no ano passado na gringa, o CD/LP
"The Sexual Life of the Savages: Underground Post-Punk from São Paulo, Brazil" tem uma faixa do NAU, banda em que eu era a vocalista. A faixa é Madame Oráculo, parceria minha com a Leka Machado.
Trabalho de "formigayinha"
coluna GLS publicada na Revista da Folha em 20/08/2006por Vange LeonelApesar de as estatísticas apontarem um alto índice de homofobia no país, muitos gays e lésbicas escolhem viver fora do armário. Afinal, ser homossexual não é motivo para vergonha. Difícil em alguns aspectos, o momento da revelação da homossexualidade é principalmente catártico, trazendo o alívio de finalmente ser o que se é. Mas manter essa liberdade de ser o que se é exige esforço contínuo. Como o conservadorismo nos costumes subsiste por inércia, impregnado na malha social, gays e lésbicas vêem-se compelidos a sair do armário repetidas vezes.
Vamos imaginar que você seja lésbica e já tenha revelado sua orientação homossexual para a família, os amigos e no trabalho. Um dia, você começa a fazer ioga, se enturma com as colegas e, no final da aula, elas perguntam: e seu marido, não gosta de ioga? Pronto! Eis um momento em que é preciso sair do armário mais uma vez, visto que o conservadorismo supracitado faz quase todos presumirem a heterossexualidade como norma.
Assim, saímos do armário várias vezes por dia lembrando ao operador de telemarketing, à gerente do banco ou à vendedora de uma loja (por um motivo ou outro) que somos homossexuais. Tornar a saída do armário algo corriqueiro, leve e cotidiano é fazer um trabalho de formiguinha, mas muito eficiente, contra a homofobia. Quem sabe, um dia, ninguém irá estranhar homossexuais.
© Folha de S.Paulo
Dia da Visibilidade Lésbica
Neste ano de 2006 completa-se 10 anos em que comemoramos o dia 29 de agosto como Dia da Visibilidade Lésbica. Abaixo a programação deste ano.
30de agosto às 19h30
Roda de conversa “Jogos de Cama” (exclusivo para mulheres)
Entre quatro paredes tudo é possível? Brinquedos, posições, situações? Até onde ir e como chegar lá. Com respeito, liberdade e muito diálogo.
Local: Geledés Instituto da Mulher Negra (entrada no prédio até às 20h00)
Rua Santa Isabel, 137- 4º andar. Metrô República
(Próxima ao Arouche) Tel: 3333.344431 de agosto às 19h30
Mostra de Vídeos (curtas) “Lésbicas Jovens: qual é a nossa?”Curtas produzidos por lésbicas que mostram suas idéias, inquietações, insatisfações, sonhos e desejos. Exibidos no Lady Fest e MIX Brasil.
Local: AFUBESP
Rua Direita, 32 – 11º andar. Metrô Praça da Sé01 de setembro às 19h30
Prêmio Visibilidade Lésbica
Leitura de Textos e Noite de autógrafos com Vange LeonelEntrega de Prêmios às lésbicas que contribuem para a construção da nossa cidadania, cultura e lazer. Vange Leonel fará leitura de trechos de seus livros. Coquetel, noite de autógrafos e festa com a DJ Cris.
Local: Confort Hotel . Rua Araújo, 141. Estação Metrô República.02 de Setembro das 14h00 às 18h00
Oficina de Consenso sexual para jovens lésbicas
Incrição:
inscricao@quiteria.com.br (até 30 jovens)
Viver situações de envolvimento sexual/afetivo faz parte do nosso dia-a-dia, falar sobre isso deveria ser natural. Mas nem sempre é assim. A idéia de estabelecer limites está clara nas relações entre duas garotas?Analisar essas relações, combater o machismo e criar mecanismos que tornem possível o diálogo é o desafio desta Oficina. Já sabemos que sexo é bom, basta aprender que conversar sobre isso também deve ser.
Local: União de Mulheres de São Paulo
Rua Coração da Europa, 1.395. Bela Vista.(Paralela à Rua 13 de Maio, travessa da Rua Conselheiro Carrão, altura nº 500). Fone: 3106.236703 de setembro a partir das 15h00
Show com Nila Branco, Dominatrix e a DJ Clau AssefLocal: Belvedere 9 de Julho (atrás do MASP da Av. Paulista)ORGANIZAÇÃO: CFL – Coletivo de Feministas Lésbicas, INOVA Famílias GLTTB e Minas de Cor PARCERIAS: Quitéria, Fórum Paulista GLBTT, Associação da Parada do Orgulho GLBTT, União de Mulheres, AFUBESP, Mix Brasil, Geledés Instituto da Mulher Negra APOIOS: CADS – Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual da PMSP, SMS – Secretaria Municipal de Saúde. Área Técnica DST/Aids e Rádio Tribo GLS
Homens Transexuais

© Loren Cameron by Loren Cameron
Quem tem medo de vizinho gay?
coluna GLS publicada na Revista da Folha em 06/08/2006por Vange LeonelNo dia 25 de julho, a
Folha publicou uma pesquisa feita pela Unesco: 47% dos jovens brasileiros não gostariam de morar ao lado de um vizinho gay. A mesma matéria mostrou outro estudo (da Organização dos Estados Ibero-Americanos para Educação, Ciência e Cultura) sobre homofobia nas escolas, revelando um alto índice de preconceito contra gays e lésbicas nos colégios.
Depois de ler, me perguntei: será que esses jovens não querem um vizinho ou colega gay porque pensam (precipitada e erroneamente) que todo homossexual tem caráter duvidoso? Será que eles imaginam (tortuosamente) que gays e lésbicas representam ameaça de paquera ou assédio?
Se eles pensam assim, são tolos. Basta enxergar o outro lado: há vizinhos heterossexuais amáveis e outros indesejáveis, assim como há colegas de escola héteros legais e outros não muito. Heterossexuais também paqueram e alguns chegam a assediar sexualmente. Aos héteros que paqueram inofensivamente pode-se responder aceitando ou rechaçando o convite, denunciando à polícia os que assediam sexualmente. Idem, em relação aos homossexuais.
O problema é que ninguém repara em gays e lésbicas "bem-comportados". Muitos preferem pensar que só existem bichas e sapatões predadores de heterossexuais e estendem essas características a todos os homossexuais. Esse tipo de generalização, porém, não ocorre com heterossexuais. Quando um hétero pisa na bola, ele é apenas uma pessoa que pisa na bola. Mas, quando um homo faz coisa errada, os preconceituosos dizem que ele faz errado porque é homo. Percebam o viés: um é pessoa, o outro é homo. A verdade é que a orientação sexual não define o caráter de ninguém.
© Folha de S.Paulo
Ninguém é normal
coluna GLS publicada na Revista da Folha em 23/07/2006por Vange LeonelHouve um tempo em que homossexuais eram basicamente descritos como pessoas perversas, de mau- caráter ou pobres coitados. Poucos eram os filmes e livros em que gays e lésbicas recebiam um olhar menos trágico ou triste.
Nas últimas décadas, graças à pressão de ativistas, do público GLS e por meio da ação consciente de alguns criadores e produtores de entretenimento, gays e lésbicas passaram a figurar cada vez mais como pessoas boas e "normais".
Por séculos, a imagem de gays e lésbicas foi a pior possível. Por isso, para eliminar o efeito nefasto do preconceito atávico e do ódio aos homossexuais, houve até uma tendência a sua glorificação. A verdade, porém, é que não somos nem deuses nem escória: somos apenas demasiadamente humanos.
Obviamente, ainda protestamos justificadamente contra eventuais (e persistentes) comentários e retratos ofensivos que fazem de nós, gays e lésbicas. Por outro lado, é bom que exista uma série de TV como
"The L Word" (na Warner, aos domingos, às 23h), sobre um grupo de amigas lésbicas cheias de qualidades, mas também de defeitos. Entre a fiel provedora do lar que trai a companheira, a advogada de direitos civis que assedia uma cliente e a ninfomaníaca namoradeira às voltas com o próprio ciúme, as personagens são todas multifacetadas. Há drama, comédia e política. Feito por lésbicas, sobre lésbicas, para todo tipo de gente.
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