Hein?
a causa é boa, mas a tiradinha foi tremendamente infeliz. O secretário do CRIM (Comissão Interministerial para os Recursos do Mar) quer captar recursos privados para ajudar a manter a base brasileira de pesquisas científicas na Antártida (na
Folha de hoje). Contudo, no afâ de convencer empresas da necessidade de renovação da base, fez essa comparação:
"Uma estação científica não é como uma mulher, que está melhor aos 23 do que aos 15. Precisa de investimentos". Hein? Como assim? O contra-almirante José Eduardo Borges de Souza, o autor do comentário, precisa se explicar e se expressar melhor. Tá certo que marinheiros cultivam a "curiosa tradição" de dar nome de mulheres a seus barcos e o contra-almirante pode até ter o "costume" de comparar a base científica à sua namorada, esposa, filha, amante ou qualquer mulher. O fato é que tanto a "curiosa tradição" dos marinheiros como a frase infeliz do contra-almirante revelam um hábito execrável de tratar mulheres como objetos ou propriedades que, mesmo não "necessitando investimentos", melhoram com o tempo, assim como os vinhos que beberão mais tarde, com prazer de quem guardou um tesouro, trancado e escondido, aamadurecidos para seu paladar exigente.