sereia na areia
Na coluna desta semana da
Revista da Folha, comentei o fato da escritora Patricia Highsmith ter deixado instruções a seus biógrafos para que não omitissem sua homossexualidade. Coincidentemente, lá no
blog do Pedro surgiu uma discussão sobre os limites do público e do privado numa biografia (motivada pela transcrição de uma carta íntima da Carmen Miranda). Eu, sinceramente, acho que depois que a pessoa está morta, tudo é história e merece ser contado. Naturalmente, cada biógrafo pode enxergar coisas diferentes numa mesma pessoa, pois toda visão é enviesada (com o perdão da redundância). Taí a beleza da coisa: múltiplos olhares, nenhum julgamento categórico, nada de biografia chapa-branca.
Assim, rompendo o limite entre público e privado, resolvi postar um flash da minha vida. Essa aí em baixo sou eu, aos 3 anos, na praia, brincando com um caminhãozinho de areia. Se há um lugar onde eu me sinto bem, plena, feliz e satisfeita, esse lugar é a beira do mar, zona limítrofe entre água salgada, espuma e areia. Parece até que ouço o barulhinho da maré retraindo e da espuma do mar estalando suas minúsculas bolhas de ar. Água lambendo a praia. Eu lambendo os beiços.