
Agora, finalmente, resolveram criar personagens homossexuais. No jogo de RPG "The Temple of Elemental Evil" há um pirata gay que propõe casamento a um dos avatares masculinos. O produtor do game Tom Decker disse que já havia muitas relações heterossexuais no jogo e quis "incluir pelo menos um encontro gay".
O jogo mais popular com romances gays e lésbicos possíveis é "The Sims 2", um "simulador de pessoas" no qual os personagens fazem tarefas cotidianas, trabalham e namoram. Se a versão anterior já permitia atração entre pessoas do mesmo sexo, na atual pode-se fazer um "contrato de parceria civil" e oficializar a relação dos personagens homossexuais. Vai ver essa oficialização só é possível porque não há no jogo políticos, lobby ou papa em campanha contra o casamento gay.
© Folha de S.Paulo
Eu já era muito fã da Nina Hagen quando ela veio fazer um show no Rock in Rio aqui no Brasil em 1985. Não vi este show, mas em compensação pude assistí-la numa apresentação aqui em São Paulo naquele mesmo ano, num lugar pra lá de bizarro. Não sei se a construção ainda existe, mas era uma caravela que ficava na avenida 23 de maio e se chamava Latitude 23 (acho que era essa a latitude). Vi Nina Hagen detonar na caravela. Ela enlouqueceu com aquele palco, com aquele lugar em formato de nau descobridora. Não tenho o vídeo do show do Latitude, mas descobri no YouTube um trecho do show da Nina Hagen no Rock in Rio. Tipo assim: Peaches, The Gossip e Tati Quebra Barraco têm uma vovó punk, hehehe...
Kim Stolz é uma das participantes do reality show "Americas Next Top Model" (no canal Sony, às quartas, às 20h; reprise aos domingos, às 16h) que está detonando os estereótipos que acabei de citar. Além de possuir diploma universitário de ciências políticas, a menina é inteligente e articulada. Lésbica assumida, mistura um jeito meio machinho com um rosto feminino e uma docilidade angelical. Em entrevista ao site "AfterEllen" Kim disse não se definir segundo gêneros masculino ou feminino: "gênero, assim como sexualidade, é um amplo espectro e não acho que existam apenas dois gêneros, ou três, ou quatro. São milhões deles".
Ignorando essas múltiplas possibilidades, os juízes da competição oscilam entre dois extremos: uns pedem para Kim ser mais feminina e outros insistem para que ela afirme sua masculinidade. O problema é que masculino e feminino não são categorias tão definidas. Por isso, a androginia é tranqüila para Kim.
Estressante mesmo é o clima competitivo que reduz tudo a dicotomias do tipo masculinidade versus feminilidade, e vitorioso versus perdedor.
© Folha de S.Paulo

Cantora, compositora, colunista GLS e proto-escritora. Lésbica e feminista. Atualmente assina a coluna GLS da Revista da Folha no jornal Folha de S.Paulo e a coluna "Vange Leonel" no Mix Brasil.

