24 novembro 2006
  Fumacê
Eu já havia tocado no assunto num capítulo do meu romance "Balada para meninas perdidas": o que mais me deixa irritada nas baladas é o cheiro de cigarro que fica impregnado nas roupas e nos cabelos quando chego em casa. Mesmo quando era fumante, o ar irrespirável das pistas com centenas de baladeiros fumando ao mesmo tempo me sufocava. Esta semana, lá na coluna do Mix, resolvi falar do assunto, mesmo correndo o risco de parecer chata. Afinal, desde o contracultural "é proibido proibir" o veto ao tabaco, mesmo que em lugares públicos e fechados, gera controvérsia. Mas é bom lembrar que se você acende um cigarro em local fechado a pessoa ao seu lado vai acabar fumando por tabela, sem consentir nem desejar (e já foi provado que o fumo passivo é prejudicial à saúde). Fazendo uma analogia, seria como você empurrar pela goela de uma pessoa uma comida que ela não quer comer. Ou fazer com que ela tome uma droga sem que ela queira a viagem ou o prejuízo. Uma violência, portanto. Mas que ninguém se dá conta.
 
Comments:
vange... eu tendo a concordar contigo no conteúdo, mas, putz, taí assunto que costuma render tentativa de linchamento público... eu diria que é mais um dos milhões de sintominhas da permanência do autoritarismo entranhado entre nós (eu ter que fumar compulsoriamente, mesmo não sendo fumante, tem graça e nexo? não tem...), mas vá falar isso para um fumante (ora, diriam, ser proibido de fumar em determinados locais também não é autoritarismo? será?...)...

eu, que cresci com irmã mais velha fumante-compulsiva e continuei smempre vivendo entre fumantes, briguei tanto e tanto e tanto com isso na infância-adolescência-primeira-juventude que depois cansei, desisti, me achei um chato de galhochas insistente e... virei fumante passivo conformado, até hoje...
 
mas, Pedro, eu sou totalmente a favor que os fumantes fumem, contanto que não fumem num local fechado onde obriguem todos que ali estão a fumarem por tabela seus cigarros. Uma pessoa muito próxima de mim e muito querida teve um problema sério de saúde e não pode freqüentar ambientes enfumaçados (sabe o cadeirante que não pode ir a lugares que não têm rampas? pois então, ela não pode ir a lugares enfumaçados). Não acho autoritarismo estabelecer regras para a vida em comunidade. Eu (ou você ou qualquer cidadão) não posso ultrapassar o sinal vermelho e um fumante não deveria fumar em ambientes públicos fechados. Como disse lá na minha coluna, não é uma questão de gosto, ou sensibilidade olfativa. É questão de saúde pública.

mas os fumantes podem fumar à vontade em locais ventilados. Nada contra. Pelo contrário, hahahaha...
 
adoro sair com os amigos/as fumantes, mas chega numa hora q fico literalmente " desesperada "
- tenho a impressão q vou ficar sufocada.
Não sou obrigada a ficar fumando por tabela.
um saco !!! não sei o q fazer.
 
Ô Vange, tou voltando de Portugal e olha, nós temos sorte por aqui: lá o povo fuma o tempo todo não só nas baladas, mas em qualquer restaurante, bar, café - minha roupa ainda está na máquina de lavar se desnicotinando.
 
é, eu concordo contigo, plenamente... só num consigo mais argumentar com quem diz que EU é que sou o autoritário, se eu tento argumentar, sabe?...

fico pensando na choperia do sesc pompéia, onde tenho ido toda terça por razões de força maior (hahaha), e onde é proibido fumar... os guardiães vão lá mui educadamente, pedem para as pessoas pararem ou irem lá fora, em geral elas param ou vão... nem parece tão difícil assim, né? mas em geral fica aquele reclamório, os fumantes contrariados xingando o/a guardiã/o... ai, temos muito que crescer ainda, né?...
 
pat, é como o pedro disse, tem que acontecer muita argumentação e contra-argumentação ainda... acho que estamos engatinhando, mas quero acreditar que logo alcançaremos um consenso a respeito de lugares impróprios para fumo, de maneira que não seja mais necessário o uso de guardião.

lulu, putz, europa é foda, né? a última vez que estive em Paris eu ainda fumava, e nem assim aguentava o fumacê. nos bares lá não se recolhem cinzeiros. a certa altura da noite, todos os vários cinzeiros de todas as mesas ficavam apinhados de bitucas e restos de cigarros mal-apagados, um nojo! aliás, parei de fumar logo que cheguei dessa trip, hahahahah... vc foi a portugal com o pato fu?

pedro, é verdade, é muito chato ser visto como autoritário por isso. nós ainda precisamos aprender muito sobre vida em coletividade (não apenas o fumo em locais públicos, mas muitas outras questões que envolvem o bem estar coletivo). é aí que fico pessimista. porque o mundo está ficando cada vez mais cheio de gente, e cada vez mais impera o individualismo. e aí, o que fazer?
 
sim, fomos tocar por lá. via as meninas que produzem a Lesboa Party, dá uma olhada no blog bacana delas:
http://lesboa.blogspot.com/

No mais, Vange, somos o tipo mais chato que existe mesmo: os ex-fumantes! :-)
 
lulu, que ótimo esse evento!! vi lá no blog dela que foi a segunda edição... vai rolar todo ano? depois me passa o contato da mina, pois é interessante pra fortalecer nossa rede internacional lesbiônica. bjos!
 
Postar um comentário



<< Home

Minha foto
Nome:
Local: São Paulo, SP, Brazil

Cantora, compositora, colunista GLS e proto-escritora. Lésbica e feminista. Atualmente assina a coluna GLS da Revista da Folha no jornal Folha de S.Paulo e a coluna "Vange Leonel" no Mix Brasil.

mais informações:
BLOG Home
MySpace
Twitter


Vange Leonel

Criar seu atalho







ARQUIVOS
novembro 2005 / dezembro 2005 / janeiro 2006 / fevereiro 2006 / março 2006 / abril 2006 / junho 2006 / julho 2006 / agosto 2006 / setembro 2006 / outubro 2006 / novembro 2006 / dezembro 2006 / janeiro 2007 / fevereiro 2007 / março 2007 / abril 2007 / maio 2007 / junho 2007 / julho 2007 / agosto 2007 / setembro 2007 / outubro 2007 / novembro 2007 / dezembro 2007 / janeiro 2008 / fevereiro 2008 / março 2008 / abril 2008 / maio 2008 / junho 2008 / julho 2008 / agosto 2008 / setembro 2008 / outubro 2008 / novembro 2008 / dezembro 2008 / janeiro 2009 / fevereiro 2009 / abril 2009 / maio 2009 / julho 2009 / agosto 2009 / fevereiro 2010 / março 2010 / abril 2010 / setembro 2010 / outubro 2010 / novembro 2010 / fevereiro 2011 /






LIVROS
Balada para as Meninas Perdidas
Grrrls - Garotas Iradas
As Sereias da Rive Gauche




MEMÓRIAS DE UMA MULHER MACACA
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23



CDs
Vermelho
Vange
NAU



TEATRO
As Sereias da Rive Gauche
Joana Evangelista



WEB
Mix Brasil
MOJO: Atrás do Porto...





Radio Liberdade
















BLOGS FAVORITOS
Cilmara
VAE
Marcia
Elisa
Pedro






Creative Commons License
Reproduçõees do conteúdo deste blog só serão permitidas se estiverem de acordo com as regras estabelecidas pela Creative Commons Attribution-NonCommercial 2.5 License.

Os textos da Coluna GLS, têm copyright da Folha de S.Paulo e só poderão ser reproduzidos sob permissão da empresa.




Powered by Blogger