14 dezembro 2005
  sereia na areia
Na coluna desta semana da Revista da Folha, comentei o fato da escritora Patricia Highsmith ter deixado instruções a seus biógrafos para que não omitissem sua homossexualidade. Coincidentemente, lá no blog do Pedro surgiu uma discussão sobre os limites do público e do privado numa biografia (motivada pela transcrição de uma carta íntima da Carmen Miranda). Eu, sinceramente, acho que depois que a pessoa está morta, tudo é história e merece ser contado. Naturalmente, cada biógrafo pode enxergar coisas diferentes numa mesma pessoa, pois toda visão é enviesada (com o perdão da redundância). Taí a beleza da coisa: múltiplos olhares, nenhum julgamento categórico, nada de biografia chapa-branca.

Assim, rompendo o limite entre público e privado, resolvi postar um flash da minha vida. Essa aí em baixo sou eu, aos 3 anos, na praia, brincando com um caminhãozinho de areia. Se há um lugar onde eu me sinto bem, plena, feliz e satisfeita, esse lugar é a beira do mar, zona limítrofe entre água salgada, espuma e areia. Parece até que ouço o barulhinho da maré retraindo e da espuma do mar estalando suas minúsculas bolhas de ar. Água lambendo a praia. Eu lambendo os beiços.

 
Comments:
que fofa vc-sereiazinha.
bom, uma coisa temos absolutamente em comum: a beira do mar é o meu segundo melhor lugar do mundo. e dentro do mar é o meu primeiro melhor lugar do mundo.

não vivo sem, definitivamente.
(e eu que não sabia da patricia? adorei).
 
ah, e vc não tem NOÇÃO do que foi ontem a pré-estréia do "eu sou feia mas tô na moda", documentário da gaúcha denise garcia com a deise tirona, a cidade de deus, os funkeiros todos, marlboro, tati.

o show depois, vange, foi a coisa mais sensacional e POLÍTICA do mundo. subiram ao palco, um a um, os grupos de funk que vieram do rio especialmente para a ocasião, cada um com sua mensagem predominantemente POLÍTICA.

e de repente me sobem ao palco uma dupla de mulheres, uma delas começa a cantar um funk assim: "ela é mulher, eu sou sapatão", sensacional, explicando tudo. a gente e o povo foi ao delírio.
 
Oi, Vange, entrei aqui para fazer um pedido: poderia colar nos posts ou comentários uma cópia de sua coluna da Folha sobre a P.Highsmith? Adoro esta escritora, mas não consigo ler sua coluna na Folha a menos que seja assinante do UOL...
Bjs,
 
hahahaha, linda!, linda!
 
é, biografia é biografia...
fidelidade é mudifícil e tbm tem a linha entre o exagero de alguma coisa pra vender... nem tudo são flores mas tbm não chegam a porcos-espinho (rs..), se enfatizar a homossexualidade em uma bio além de vender a 'curiosidade' sirva tbm para incorporar um fator corriqueiro na vida do biografado acho que contribui de alguma forma pra quebra de preconceitos e tal (bla bla³)... agora tem que ter feeling pra informação não ser apenas gratuita....
 
vange adoro suas colunas|!! amo de paixao!!! bjuss
 
Que honra poder contemplar esta foto de sua infância! Linda!!Valeu mesmo. Sempre admirei Patricia Highsmith e mais uma vez o faço: foi, creio eu, a 1ª escritora a escrever sobre lesbicas e a dar um final feliz ao conto e, sem medo tal como você, assumiu a sua homossexualidade e exigiu depois que os biógrafos não a omitam! Faz muito bem à alma exemplos grandiosos desses! Já a Ana Carolina agora disse à Veja que é bissexual..posso até estar errada, mas tenho muitas dúvidas que seja, enfim....nem todas podem ser Vange ou Patrícia....
Black Bird
 
Jazz, ninguém gravou essa dupla? quero muito ver!!!

Anônimo, atendi seu pedido, olhe o post acima.

Pedro, e eu sempre colocando muita areia no meu caminhãozinho, hahaha...

Denise, existe sim esse lance de usar a homossexualidade como isca para apimentar vendagens. Isso porque o assunto sempre foi encarado como segredo de alcova. Mas acho que, daqui pra frente, com milhares (milhões?) de pessoas vivendo fora do armário, haverá menos espaço para explorar a homossexualidade como algo "exótico" pra curioso ver.

Denise Arcoverde e Aurora, obrigada pela rasgação de seda, disponham!

B.Bird, a gente tem que dar um tempo pra Ana sair do armário de maneira confortável. Às vezes é mais fácil dizer, de início, que se é bissexual. É como aquela história da filha que tem que contar pra mãe que o gato morreu e, para suavizar o impacto, diz primeiro que o gato subiu no telhado (existe essa parábola em Portugal?)
 
Reflectindo melhor sobre o assunto, você tem toda a razão, Vange. É preciso dar um tempo. Creio que não tem essa história do gato, mas tem outras semelhantes. Não é fácil sair do armário...eu sei. Vou então aguradar e não vou mais me sentir incomodada por Ana Carolina dizer que é bi...
Black Bird
 
Olha só, a pequena caminhoneira!!!!! (desculpe, foi inevitável)

Vange, sou sua fã, adoro seu blog, manda um beijo pra mim!
 
HAHAHAHAHA!!!

Chachá, eu é que sou sua fã; dilícia de amor recíprico; um beijo enorme pra ti e não se esqueça de mandar notícias do outro lado do mundo!!
 
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Cantora, compositora, colunista GLS e proto-escritora. Lésbica e feminista. Atualmente assina a coluna GLS da Revista da Folha no jornal Folha de S.Paulo e a coluna "Vange Leonel" no Mix Brasil.

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